domingo, 9 de agosto de 2009

catarse ou remédio para uma pergunta


ele se sentia assim: perdido no meio da multidão. depois de tanto andar decidiu descansar. sentou em um banco. olhos negros cobertos de lágrimas, sempre pensou que as pessoas eram como ele, tênues, doces, de uma aproximação fácil e não dada a maldades. começou então a perceber que os efeitos de sua última decisão não eram apenas dificeis de aceitar, mas uma nova descoberta surgiu: da sutil indiferença que ronda as pessoas, do abraço roto e frio, do desvio do olhar, da conclusão pré-estabelecida, da quase ruína, dos suicídios diáriose principalemente, do ranço que fica de tudo isso. ergueu a cabeça. uma multidão ainda o cercava, passando apressadamente entre as ruas da enorme cidade. um homem aproximou-se dele. olhares de dúvida e curiosidade pareciam aproximá-los. tentei encontrar, quer dizer, pelo menos me aproximar de alguém, mas vejo que é impossível. é meu caro, aproximando-se mais ainda, todos nós nos aproximamos do outro para tentar encontrar algo que perdemos em nós mesmos. é por isso que ficamos assim, um bando de gente correndo pra lá e pra cá, sem se dar conta de que procuram a si mesmos.

2 comentários:

  1. MARCAS


    Ela olhou sua face no espelho do butiquin e pensou: "Estou velha".
    Com sua mini saia vermelha, foi até o balcão, onde havia um garçon, desses que servem como desabafos. Porém ela nada disse. Ele apenas entenderá o que Elza, esse era seu nome, o que Elza estava sentindo e lehe serviu um cunhaque.
    E ela sentia: Dói a alma.
    OLhava de seu banquinho giratório, desses de buteco as pessoas felizes com seus parceiros.
    E ela passou as mãos no seu cabelo, e cambaleante foi embora.

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  2. Belas palavras na composição meticulosa dos acontecimentos.
    ''é por isso que ficamos assim, um bando de gente correndo pra lá e pra cá, sem se dar conta de que procuram a si mesmos''
    Lindo.

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